O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) manteve o tom duro contra a inflação, no comunicado divulgado nesta quarta-feira (29/1), no qual o órgão justifica o aumento de um ponto percentual da taxa básica de juros, a Selic. Essa é a opinião de representantes do mercado financeiro sobre o documento.
Na análise de Marcelo Bolzan, estrategista de investimentos e sócio da The Hill Capital, o Copom manteve o rigor do comunicado divulgado na reunião anterior do órgão, anunciado em dezembro. “Essa foi a primeira reunião do Gabriel Galípolo (presidente do BC) e a nova composição da diretoria”, diz. “E eles mantiveram a decisão de aumentar a Selic em um ponto percentual.”
Para Bolzan, o balanço de riscos apresentado pelos integrantes do Copom repetiu o mesmo parágrafo sobre o cenário internacional e outras notas já divulgadas pelo BC. “No comunicado, eles confirmam mais uma alta para março e, a partir daí, deixam em aberto a decisão sobre novos aumentos”, afirma. “O que é bom, porque, até lá, muita coisa pode acontecer.”
Rafael Cardoso, economista-chefe do Banco Daycoval, também considera que o Copom manteve o tom duro do documento divulgado na gestão de Roberto Campos Neto, em dezembro. Ele, no entanto, nota que a atual análise incluiu a possibilidade de uma desaceleração da economia doméstica, o que não era destacado na avaliação anterior. Para Cardoso, a análise continua rigorosa, mas ele considera que o cenário econômico piorou, o Copom não “acompanhou a magnitude” dessa deterioração.
Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos, concorda com essa avaliação. “O BC já incluiu atividade como risco baixista, colocou tarifas como risco baixista, veio com uma projeção de inflação na parte mais baixa das expectativas de mercado”, diz. “Ele retirou o plural da sinalização sem dar a entender que alta é o movimento mais provável em maio.”
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